quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Equipamentos da Rede de Frio

    A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e transporte dos imunobiológicos do Programa Nacional de Imunizações, e deve ter as condições adequadas de refrigeração, desde o laboratório produtor até o momento em que a vacina é administrada. O objetivo final da Rede de Frio é assegurar que todos os imunobiológicos administrados mantenham suas características iniciais, a fim de conferir imunidade, haja vista que são produtos termolábeis, isto é, se deterioram depois de determinado tempo quando expostos a variações de temperaturas inadequadas à sua conservação. O calor acelera a inativação dos componentes imunogênicos. É necessário, portanto, mantê-los constantemente refrigerados, utilizando instalações e equipamentos adequados em todas as instâncias: nacional, estadual, regional ou distrital e municipal/local. Um manuseio inadequado, um equipamento com defeito, ou falta de energia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, comprometendo a potência e eficácia dos imunobiológicos.

1. EQUIPAMENTOS DA REDE DE FRIO
     
 1.1  Câmara frigorífica

Figura 1 - Câmara Frigorífica.

fonte: Manual de rede de frio¹.

Também denominadas quartos frios ou câmaras frias, são ambientes especialmente projetados para a armazenagem de produtos predominantemente em baixas temperaturas e em grandes volumes. Especificamente para os imunobiológicos, essas câmaras são projetadas para operarem em temperatura de +2ºC e -20°C, de acordo com a especificação do produtor.


 1.2  Freezers ou congeladores

Figura 1 - Freezers ou congeladores.

fonte: Manual de rede de frio².


São equipamentos destinados, preferencialmente, para estocagem de vacinas a -20ºC. Estes equipamentos devem ser do tipo horizontal. Os freezers também são usados para congelar as bobinas de gelo reciclável, tendo o cuidado de não usar o mesmo
equipamento em que estão armazenados os imunobiológicos, para não comprometer a conservação destes. Sua instalação deve ser em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta e longe de equipamentos que desprendam calor, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o ambiente.


Organização interna

    Como os freezers são dotados somente de um compartimento, deve-se ter o cuidado de armazenar os imunobiológicos, de forma a permitir a circulação de ar entre os produtos ou as caixas. Os imunobiológicos devem ser armazenados da seguinte forma:

nome do imunobiológico, separar por:
- laboratório produtor;
- nº de lote;
- prazo de validade;
- enfrascagem (uma dose, 10 doses, 20 doses, etc.).
Deve-se observar também a validade dos lotes. Aqueles com menor prazo de validade deverão ter prioridade na distribuição, para possibilitar menor perda dos imunobiológicos por vencimento do prazo.


Cuidados básicos

fazer a leitura da temperatura diariamente no início da jornada de trabalho da manhã, da tarde e no final do dia, registrando-as no formulário próprio;

não deixar a porta aberta sem necessidade, somente para acondicionamento e retirada
de imunobiológicos e gelo reciclável;

certificar-se de que a porta está vedando adequadamente, usando-se uma tira de papel com 3cm de largura, aproximadamente. Coloca-se a tira de papel entre a borracha da porta e a geladeira. Se ao puxar o papel a borracha apresentar resistência, a vedação está adequada, porém, se o papel sair com facilidade, deverá ser trocada a borracha. Este teste deverá ser feito em vários pontos da porta, especialmente nos quatro ângulos;

fazer o degelo a cada 30 dias ou sempre que for necessário; não deixar acumular gelo nas paredes, em espessura maior que 0,5cm, porque isto compromete a conservação das vacinas, vez que o gelo é um material isolante e não deixa passar o frio;

usar tomada exclusiva para cada equipamento;


  1.3   Refrigeradores ou geladeiras


São equipamentos de uso doméstico que na Rede de Frio são destinados à estocagem de imunobiológicos em temperaturas positivas a +2ºC, devendo para isto estar regulados para funcionar nesta faixa de temperatura. A vacina pode, em algum momento, estar em uma temperatura entre +2o e +8oC sem sofrer perda de potência (em armazenamento).


1.3.1 Geladeira doméstica

Figura 3 - Geladeira doméstica.

fonte: Manual de rede de frio³.


As geladeiras, com capacidade a partir de 280 litros, utilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações, devem ser organizadas de acordo com as seguintes recomendações:


no evaporador (congelador) colocar gelo reciclável (gelox ou bobinas com água) na posição vertical. Esta norma contribui para a elevação lenta da temperatura, oferecendo proteção aos imunobiológicos na falta de
energia elétrica ou defeito do equipamento;

na primeira prateleira devem ser colocadas as vacinas que podem ser submetidas à temperatura negativa (contra poliomielite, sarampo, febre amarela, rubéola, tríplice viral) dispostas em bandejas perfuradas para permitir a circulação de ar;

na segunda prateleira devem ser colocadas as vacinas que não podem ser submetidas à temperatura negativa (dT, DTP, Hepatite B, Hib, influenza, TT e BCG), também em bandejas perfuradas ou nas próprias embalagens do laboratório produtor;

na segunda prateleira, no centro, colocar termômetro de máxima e mínima na posição vertical, em pé;

na terceira prateleira pode-se colocar os diluentes, soros ou caixas com as vacinas conservadas entre +2 e +8ºC, tendo o cuidado de permitir a circulação do ar entre as mesmas, e entre as paredes da geladeira;

retirar todas as gavetas plásticas e suportes que existam na parte interna da porta, e no lugar da gaveta grande preencher toda parte inferior exclusivamente com 12 garrafas de água com corante, que contribuem para a lenta elevação da temperatura interna da geladeira. Essa providência é de vital importância para manter a temperatura da geladeira entre +2°C e +8°C quando ocorrer falta de energia ou defeito no equipamento. A porta do evaporador (congelador) e a bandeja coletora sob este deverão ser mantidas. Não devem ser usadas bobinas de gelo reciclável como substitutas das garrafas.

A geladeira que não possuir o quantitativo de 12 garrafas de água deverá ser abastecida com o número necessário, colocando-se duas unidades por dia até atingir o número recomendado (12), evitando-se, dessa forma, modificação abrupta de temperatura no interior da geladeira, levando as vacinas a choque térmico.
Essas garrafas devem ser tampadas para que a água não evapore, pois a evaporação acelera a formação de gelo no evaporador.

Cuidados básicos

Figura 4 - Geladeira inadequada para a conservação de vacinas.

fonte: manual de rede de frio.

Fazer a leitura da temperatura, diariamente, no início da jornada de trabalho e no final do dia e anotar no formulário de controle diário de temperatura;
manter afixado na porta aviso para que esta não seja aberta fora do horário de retirada e/ou guarda das vacinas;
usar tomada exclusiva para cada geladeira, se houver mais de uma;
instalá-la em local arejado, distante de fonte de calor, sem incidência de luz solar direta, em ambiente climatizado, bem nivelada e afastada 20cm da parede;
colocar na base da geladeira suporte com rodas;
não permitir armazenar outros materiais (laboratório odontológico, alimentos, bebidas, etc. (figura 4A);
não armazenar absolutamente nada na porta;
certificar-se de que a porta está vedando adequadamente;
fazer o degelo a cada 15 dias ou quando a camada de gelo for superior a 0,5cm;
não colocar qualquer elemento na geladeira que dificulte a circulação de ar


1.3.2 Geladeira Comercial

Figura 5 - Geladeira comercial

fonte: Manual de rede de frio.


As geladeiras comerciais comuns utilizadas na Rede de Frio dos estados, geralmente em instância regional ou municipal de grande porte, são as que estão entre 600 a 1.200 litros de capacidade, equipadas com um pequeno evaporador e quatro ou seis portas. O seu funcionamento em relação à geladeira doméstica diferencia na circulação do ar interno, tendo em vista que na geladeira comercial o ar é movimentado por um ventilador. A espessura do isolamento das paredes dessas geladeiras deve ser de no mínimo 5cm.

Atenção: As geladeiras comerciais não devem ser usadas em sala de vacina.


1.3.3 Limpeza da geladeira

Para que sejam mantidas as condições ideais de conservação dos imunobiológicos, deve-se fazer a limpeza da geladeira periodicamente, a cada 15 dias, ou quando a camada de gelo atingir 0,5 centímetro.


1.3.4 Situações de emergência

A geladeira pode deixar de funcionar por dois motivos. Em ambos os casos deverão ser tomadas providências para evitar a perda dos imunobiológicos acondicionados no mesmo:

Defeito técnico: os imunobiológicos deverão ser acondicionados em caixas térmicas mantendo a temperatura recomendada de +2ºC a +8ºC, onde poderão permanecer até 24 horas.

Corte de energia elétrica: nessa situação recomenda-se: - Se a geladeira está em perfeito estado de funcionamento, apresentando variação de temperatura de +2°C a +4°C, deve-se mantê-la fechada por um período máximo de oito horas. - O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reciclável congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imunobiológicos em caixas térmicas quando a interrupção do fornecimento de energia elétrica durar mais que oito horas. - Caso a geladeira em uso não apresente um perfeito estado de funcionamento e sua temperatura variar entre +6°C e +8°C com freqüência, a permanência dos imunobiológicos nesse equipamento não deverá ser por mais que duas horas e meia, a partir do início da falta de fornecimento de energia elétrica. - Em situações em que o equipamento de refrigeração apresentar as condições acima mencionadas e não se tiver estimativa do tempo em que a energia elétrica permanecerá interrompida, o acondicionamento dos imunobiológicos em caixas térmicas, utilizando-se a devida técnica, deverá ser providenciado em uma hora. Caso o defeito identificado não seja solucionado e a corrente elétrica não se restabeleça até o encerramento dos trabalhos da unidade de saúde, transferir as caixas térmicas com os imunobiológicos para o serviço de saúde mais próximo ou para a instância regional.


1.4  Caixa térmica

Figura 6 - Caixas térmicas.

fonte: Manual de rede de frio.

A caixa térmica deve ser organizada para manter a temperatura de conservação dos imunobiológicos a -20°C ou entre +2°C e +8°C por um determinado período de tempo, de acordo com o imunobiológico a ser armazenado ou transportado.


Cuidados básicos

verificar as condições da caixa, observando se existem rachaduras, furos; se o dreno (quando existir) está vedado e verificar as condições da tampa;

lavar e secar cuidadosamente as caixas após cada uso. Manter as caixas térmicas sem a tampa, até que estejam completamente secas. Após a secagem, tampá-las e armazená-las em local adequado;


Organização da caixa térmica para vacinação de rotina na sala de vacinação

Figura 7 - Organização da caixa térmica.

fonte: Manual de rede de frio.

No serviço de saúde, a conservação dos imunobiológicos a serem utilizados na vacinação durante a jornada de trabalho deve ser feita em caixa térmica do tipo retangular, com capacidade de sete litros e com tampa ajustada. Ao organizar a caixa térmica para início das atividades diárias, deve-se ter os seguintes cuidados:

manter a temperatura interna da caixa entre +2ºC e +8ºC, monitorando-a com termômetro de cabo extensor, de preferência, ou com termômetro linear, trocando as bobinas de gelo reciclável sempre que se fizer necessário;

usar bobina de gelo reciclável, a qual deverá estar no congelador da geladeira da sala de vacina e que precisará ser ambientada para uso, vez que a temperatura atingida por esta no congelador chega a aproximadamente -7°C;

arrumar os imunobiológicos na caixa, deixando-os circundados (ilhados) pelo gelo reciclável (três a cinco bobinas de gelo reciclável com capacidade de 500ml para a caixa térmica acima mencionada);

manter a caixa térmica fora do alcance da luz solar direta e distante de fontes de calor (estufa, aquecedor, etc.);

Fonte: 
Ministério da Saúde. Manual de Rede de Frio. Brasília, junho/2001. Disponível em:
 <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf>

1- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.

2- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.

3- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.

4- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.

5- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.

6- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.

7- Disponível em: 
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.


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