segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Conceito de vacina

  A vacinação é uma das medidas mais importantes de prevenção contra doenças. É muito melhor, mais fácil e barato prevenir uma doença do que tratá-la, e é isso que as vacinas fazem. Elas protegem o corpo humano contra os vírus e bactérias que provocam vários tipos de doenças graves, que podem afetar seriamente a saúde das pessoas e inclusive levá-las à morte. Por este motivo, faz-se necessária a compreensão do que é umavacina e, assim sendo, vamos discutir cada etapa abaixo.

                                Figura 1 - seringa e ampola de vacina 
                                         fonte: página do blog "eu em Orlando"¹.  

1.  FUNDAMENTOS IMUNOLÓGICOS
O processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção conferida pelas vacinas compreende o conjunto de mecanismos através dos quais o organismo humano reconhece uma substância como estranha, para, em seguida, metabolizá-la, neutralizá-la e/ou eliminá-la. A resposta imune do organismo às vacinas depende basicamente de dois tipos de fatores: os inerentes às vacinas e os relacionados com o próprio organismo.

1.1.            Fatores inerentes à vacinas

                          Figura 2 - vírus e bactérias (bacilos).

                                   
                                                    fonte: página do jornal R7².

Os mecanismos de ação das vacinas são diferentes, variando segundo seus componentes antigênicos, que se apresentam sob a forma de:
- suspensão de bactérias vivas atenuadas (BCG, por exemplo);
- suspensão de bactérias mortas ou avirulentas (vacinas contra a coqueluche e a febre tifóide, por exemplo);
- componentes das bactérias (polissacarídeos da cápsula dos meningococos dos grupos A e C, por exemplo);
- toxinas obtidas em cultura de bactérias, submetidas a modificações químicas ou pelo calor (toxóides diftérico
e tetânico, por exemplo);
- vírus vivos atenuados (vacina oral contra a poliomielite e vacinas contra o sarampo e a febre amarela, por
exemplo);
- vírus inativados (vacina contra a raiva, por exemplo);
- frações de vírus (vacina contra a hepatite B, constituída pelo antígeno de superfície do vírus, por exemplo).

1.2.            Fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina

Vários fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina podem interferir no processo de imunização, isto é, na capacidade desse organismo responder adequadamente à vacina que se administra:
- idade;
- doença de base ou intercorrente;
- tratamento imunodepressor.

Há dois mecanismos básicos de resposta imune: os inespecíficos e os específicos.

1.2.1.       Mecanismos inespecíficos

Os fatores inespecíficos da resposta imune são constituídos por mecanismos superficiais e mecanismos profundos que dificultam a penetração, a implantação e/ou a multiplicação dos agentes infecciosos, tais como:
- barreira mecânica constituída pela integridade da pele e das mucosas;
- “flora” microbiana normal (microbiota) da pele e de mucosas, que se opõe à colonização de microorganismos
(particularmente bactérias e fungos);
- secreção cutânea (de glândulas sudoríparas e sebáceas), contendo ácidos graxos e ácido láctico;
- secreção mucosa e atividade das células ciliadas do epitélio das vias respiratórias;
- fluxo lacrimal, salivar, biliar e urinário;
- peristaltismo intestinal;
- acidez gástrica e urinária;
- alcalinidade do suco pancreático;
- ação mucolítica e bactericida da bile;
- ação da lisozima presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais;
- fatores séricos e teciduais, constituídos por betalisina, complemento, intérferon, fibronectina, lactoferrina, tuftisina, espermina (secreção prostática) e protamina (no esperma);
- inflamação;
- fagocitose.

1.2.2.      Mecanismos específicos

A evolução biológica levou ao aprimoramento da resposta imune dos organismos superiores, quanto aos agentes infecciosos, possibilitando proteção específica e duradoura contra os patógenos pelos quais foram estimulados.
O antígeno encontra-se no agente ou na substância reconhecida como estranha pelo organismo, podendo ser componente de bactérias, vírus, etc. Depois de sua penetração, através da pele e/ou de mucosas (portas de entrada), atinge a circulação sangüínea e linfática e alcança os órgãos linfóides secundários (gânglios linfáticos, baço e nódulos linfóides). O antígeno sofre processamento inicial e, após esse processamento, o mesmo, agora fragmentado, é apresentado aos linfócitos envolvidos na fase efetora da resposta imune e, dessa forma, se confere a imunidade do organismo a esta substância.
Para detalhamento das informações, acessar o link a seguir: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/manu_normas_vac.pdf


2.    AGENTES IMUNIZANTES

2.1.            Natureza

A vacina é o imunobiológico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada) sob diversas formas: bactérias ou vírus vivos atenuados, vírus inativados, bactérias mortas e componentes de agentes infecciosos purificados
e/ou modificados quimicamente ou geneticamente.

2.2.            Composição

O produto em que a vacina é apresentada contém, além do agente imunizante, os componentes a seguir especificados:
a) líquido de suspensão: constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica, podendo conter proteínas e outros componentes originários dos meios de cultura ou das células utilizadas no processo de produção das vacinas;

b) conservantes, estabilizadores e antibióticos: pequenas quantidades de substâncias antibióticas ou germicidas são incluídas na composição de vacinas para evitar o crescimento de contaminantes (bactérias e fungos); estabilizadores (nutrientes) são adicionados a vacinas constituídas por agentes infecciosos vivos atenuados. Reações alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a algum desses componentes;

c) adjuvantes: compostos contendo alumínio são comumente utilizados para aumentar o poder imunogênico de algumas vacinas, amplificando o estímulo provocado por esses agentes imunizantes (toxóide tetânico e toxóide diftérico, por exemplo).

2.3.             Origem

Laboratórios nacionais e estrangeiros fornecem as vacinas para uso no Brasil. Embora a maioria dos agentes imunizantes seja produzida a partir de cepas ou linhagens de bactérias ou vírus em instituições de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) - assim como são padronizados os meios de cultura e as células usadas em cultura de tecido para produção de vacinas -, existem particularidades no processo de produção de cada laboratório; também variam os conservantes, estabilizadores e adjuvantes utilizados. Esses fatores contribuem, eventualmente, para que as vacinas apresentem diferenças em seu aspecto (presença de floculação) ou de coloração (a vacina contra o sarampo, por exemplo, apresenta-se, às vezes, depois da reconstituição, com tonalidades que variam do róseo ao amarelado).

2.4.            Vias de administração

  Figura 3 - vias de administração de vacinas e medicamentos.

                          
                                     fonte: página de administração de medicamentos do slide share.
                                     
Para cada agente imunizante há uma via de administração recomendada, que deve ser obedecida rigorosamente. Caso isso não seja atendido, podem resultar em menor proteção imunológica ou maior freqüência de eventos adversos. Por exemplo, a vacina contra hepatite B deve ser aplicada por via intramuscular, no vasto lateral da coxa ou deltóide, não se devendo utilizar a região glútea, pela possibilidade de aplicação em tecido gorduroso e assim obter-se menor proteção contra a doença. As vacinas que contêm adjuvantes, como a tríplice DTP, se forem aplicadas por via subcutânea
podem provocar abscessos. O mesmo pode acontecer se a vacina BCG for aplicada por via subcutânea, em vez de intradérmica. Já as vacinas contra febre amarela, tríplice viral contra sarampo caxumba e rubéola, monovalente contra sarampo, por exemplo, devem ser aplicadas por via subcutânea.


3.    PESSOA A SER VACINADA

Figura 4 - ilustração das faixas etárias abordadas no programa nacional de imunização. 

                               
                                                              fonte: página do blog abençoado.

O Programa Nacional de Imunizações tem como objetivo, em primeira instância, o controle de doenças imunopreveníveis através de amplas coberturas vacinais, para que a população possa ser provida de adequada proteção imunitária contra as doenças abrangidas pelo programa. Entretanto, continua sendo comum em nosso país a adoção de falsas contra-indicações à vacinação, apoiadas em conceitos desatualizados, com perda de oportunidade de vacinação durante os encontros da criança ou da família com o serviço de saúde e o conseqüente prejuízo da cobertura vacinal.

3.1.            Contra-indicações

3.1.1.      Contra-indicações gerais

As vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados não devem ser administradas, a princípio, em pessoas:

Ø  Com imunodeficiência congênita ou adquirida;
Ø  Acometida por neoplasia maligna;
Ø  em tratamento com corticosteróides em esquemas imunodepressores (por exemplo, 2mg/kg/dia de prednisona durante duas semanas ou mais em crianças ou doses correspondentes de outros glicocorticóides) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, etc).

3.1.2.      Contra-indicações específicas

Mencionadas nos itens relativos a cada vacina.

3.1.3.      Falsas contra-indicações

Não constituem contra-indicação à vacinação:

a- doenças benignas comuns, tais como afecções recorrentes infecciosas ou alérgicas das vias respiratórias superiores, com tosse e/ou coriza, diarréia leve ou moderada, doenças da pele (impetigo, escabiose etc);
b- desnutrição;
c- aplicação de vacina contra a raiva em andamento;
d- doença neurológica estável (síndrome convulsiva controlada, por exemplo) ou pregressa, com seqüela presente;
e- antecedente familiar de convulsão;
f- tratamento sistêmico com corticosteróide durante curto período (inferior a duas semanas), ou tratamento prolongado diário ou em dias alternados com doses baixas ou moderadas;
g- alergias, exceto as reações alérgicas sistêmicas e graves, relacionadas a componentes de determinadas vacinas;
h- prematuridade ou baixo peso no nascimento. As vacinas devem ser administradas na idade cronológica recomendada, não se justificando adiar o início da vacinação. (Excetuam-se o BCG, que deve ser aplicado somente em crianças com >2kg).
i)     internação hospitalar - crianças hospitalizadas podem ser vacinadas antes da alta e, em alguns casos, imediatamente depois da admissão, particularmente para prevenir a infecção pelo vírus do sarampo ou da varicela durante o período de permanência no hospital.
Deve-se ressaltar que história e/ou diagnóstico clínico pregressos de coqueluche, difteria, poliomielite, sarampo, rubéola, caxumba, tétano e tuberculose não constituem contra-indicações ao uso das respectivas vacinas. É importante também dar ênfase ao fato de que, havendo indicação, não existe limite superior de idade para aplicação
de vacinas, com exceção das vacinas tríplice DTP e dupla tipo infantil.

3.1.4.      Adiantamento da vacina

Deve ser adiada a aplicação de qualquer tipo de vacina em pessoas com:

Ø  doenças agudas febris graves, sobretudo para que seus sintomas e sinais, assim como eventuais complicações, não sejam atribuídos à vacina administrada.

Ø  Também deve ser adiada a aplicação de vacinas em pessoas submetidas a tratamento com medicamentos em doses imunodepressoras, por causa do maior risco de complicações ou da possibilidade de resposta imune inadequada.

Ø  O uso de imunoglobulinas também deve adiar a aplicação de algumas vacinas vivas, como as contra sarampo e rubéola. Isso não se aplica às vacinas oral contra poliomielite e contra febre amarela, cuja resposta imune não é afetada pelo uso de imunoglobulinas.

Ø  Não há interferência entre as vacinas utilizadas no calendário de rotina do PNI, que, portanto, podem ser aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo entre si. Uma exceção, por falta de informações adequadas, é a vacina contra febre amarela: recomenda-se que seja aplicada simultaneamente ou com intervalo de duas semanas das outras vacinas vivas.


4.    ASSOCIAÇÃO DE VACINAS

A administração de vários agentes imunizantes num mesmo atendimento é conduta indicada e econômica que, além de facilitar a efetivação do esquema, permite, em reduzido número de contatos da pessoa com o serviço de saúde, vacinar contra o maior número possível de doenças.
Devem ser consideradas diferentemente a vacinação combinada, a vacinação associada e a vacinação simultânea.
Ø   Na vacinação combinada dois ou mais agentes são administrados numa mesma preparação (por exemplo, vacina tríplice DTP, vacinas duplas DT e dT e vacina oral trivalente contra a poliomielite, que contém os três tipos de vírus atenuados da poliomielite).
Ø  Na vacinação associada, misturam-se as vacinas no momento da aplicação, o que pode ser feito, por exemplo, entre determinadas apresentações (marcas) das vacinas contra Haemophilus influenzae do tipo b e vacina tríplice
DTP.
Ø  Na vacinação simultânea, duas ou mais vacinas são administradas em diferentes locais ou por diferentes vias num mesmo atendimento (por exemplo, a vacina tríplice DTP por via intramuscular, a vacina contra o sarampo por via subcutânea, o BCG por via intradérmica e a vacina contra a poliomielite por via oral).
Ø  Em relação às vacinas incluídas no PNI, as aplicações simultâneas possíveis não aumentam a freqüência e a gravidade dos efeitos adversos e não reduzem o poder imunogênico que cada componente possui quando administrado isoladamente.

5.    SITUAÇÕES ESPECIAIS

5.1.            Surtos ou epidemias

Em vigência de surto ou epidemia de doença cuja vacinação esteja incluída no PNI, podem ser adotadas medidas de controle que incluem a vacinação em massa da população-alvo (estado, município, creche etc).

5.2.            Campanha de vacinação

Constitui estratégia cujo objetivo é o controle de uma doença de forma intensiva ou a ampliação da cobertura vacinal para complementar trabalho de rotina.

5.3.            Vacinação de escolares

A admissão à escola constitui momento estratégico para a atualização do esquema vacinal. A vacinação de escolares deve ser efetuada prioritariamente na primeira série do primeiro grau, com a finalidade de atualizar o esquema de imunização.

5.4.            Vacinação em gestantes

                                             Figura 5 - Mulher grávida.

                                  
                                                         fonte: página do site portal "se liga, mulher".


Não há nenhuma evidência de que a administração em gestantes de vacinas de vírus inativados (vacina contra a raiva, por exemplo) ou de bactérias mortas, toxóides (toxóide tetânico e toxóide diftérico) e de vacinas constituídas por componentes de agentes infecciosos (vacina contra infecção meningocócica e vacina contra hepatite B, por exemplo) acarrete qualquer risco para o feto. As vacinas vivas (vacina contra sarampo, contra rubéola, contra caxumba, contra febre amarela, BCG) são contra-indicadas em gestantes. Contudo, quando for muito alto o risco de ocorrer a infecção natural pelos agentes dessas doenças (viagens a áreas endêmicas ou vigência de surtos ou epidemias), deve-se avaliar cada situação, sendo válido optar-se pela vacinação quando o benefício for considerado maior do que o possível risco.
Grávida comunicante de caso de sarampo, com condição imunitária desconhecida, deve receber imunoglobulina humana normal (imunização passiva). Após a vacinação com vacinas de vírus vivos recomenda-se evitar a gravidez durante um mês. Entretanto, se a mulher engravidar antes desse prazo, ou se houver aplicação inadvertida durante a gestação, o risco é apenas teórico, e assim não se justifica o aborto em nenhum desses casos.



5.5.            Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) – AIDS

As pessoas com infecção assintomática pelo VIH comprovada por testes sorológicos poderão receber todas as vacinas incluídas no PNI. Em VIH - positivos sintomáticos, isto é, pacientes com aids, deve-se evitar as vacinas vivas, sempre que possível, especialmente o BCG, que é contra-indicado. Nos pacientes com aids pode-se ainda lançar mão da vacina inativada contra poliomielite, disponível nos Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais (CRIEs).


6.    EVENTOS ADVERSOS APÓS A VACINAÇÃO

A ocorrência de algum evento adverso após a vacinação (por exemplo, doenças ou sintomas leves ou graves) pode ser causada pela vacina, pois nenhuma delas é totalmente isenta de riscos As vacinas são constituídas por agentes infecciosos atenuados ou inativados ou por algum de seus produtos ou componentes que, apesar do aprimoramento dos processos utilizados em sua produção e purificação, podem induzir a reações indesejáveis. A incidência das mesmas varia de acordo com as características do produto utilizado e as peculiaridades da pessoa que o recebe.
O leitor deve consultar, para maiores detalhes, o Manual de Vigilância Epidemiológica dos Eventos Adversos Pós-Vacinação, publicado pelo Ministério da Saúde.

Fonte:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cart_vac.pdf


1- Disponível em:
<http://www.euemorlando.com.br/vacinacao-e-preciso-para-entrar-em-orlando-e-miami/> Acesso em 6 de agosto de 2015> Acesso em 6 de agosto de 2015.

2- Disponível em:
<http://tudosobrecachorros.com.br/2014/03/germes-virus-bacterias-fungos.html> Acesso em 6 de agosto de 2015.

3- Disponível em:
<http://es.slideshare.net/xikitadinda12/vas-deadministracindelosfrmacos> Acesso em 6 de agosto de 2015.

4- Disponível em:
<http://www.popblog.com.br/abencoado/post/dia-da-familia-na-escola-sera-amanha-na-gumercindo-cabral> Acesso em 6 de agosto de 2015.

5- Disponível em:
<http://www.seligamulher.com.br/chas-acoes-e-afins-que-podem-causar-aborto-durante-a-gestacao/> Acesso em 6 de agosto de 2015.

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