quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Raiva

  Figura 1 - vírus da raiva.
fonte: página do blog per scientia¹.


O que é raiva?
  Encefalite viral aguda, transmitida por mamíferos, que apresenta dois ciclos principais de transmissão: urbano e silvestre. Reveste-se da maior importância epidemiológica por apresentar letalidade de 100%, além de ser uma doença passível de eliminação no seu ciclo urbano, por se dispor de medidas eficientes de prevenção, tanto em relação ao ser humano, quanto à fonte de infecção. O vírus rábico pertence ao gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.

Como a raiva é transmitida?
  A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central e, a partir daí, se dissemina para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado na saliva das pessoas ou animais enfermos. Existe o relato de casos de transmissão inter-humana na literatura, que ocorreram através de transplante de córnea. A via respiratória, transmissão sexual, via digestiva (em animais), transmissão vertical, também são aventadas, mas com possibilidade remota.

Quais as manifestações clínicas da raiva?
  Após um período variável de incubação, aparecem os pródromos que duram de 2 a 4 dias e são inespecíficos. O paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaléia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Podem ocorrer hiperestesia e parestesia no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento. A infecção progride, surgindo manifestações de ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorréia intensa. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cárdio-respiratórias, retenção urinária, obstipação intestinal. O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até à instalação de quadro comatoso e evolução para óbito. Observa-se ainda a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia, fotofobia. O período de evolução do quadro clínico, após instalados os sinais e sintomas até o óbito é, em geral, de 5 a 7 dias.

Como previnir a raiva?
  A prevenção de raiva humana é direcionada para o tratamento profilático anti-rábico toda vez que houver suspeita de exposição ao vírus rábico. Após o início do quadro clínico, não existe tratamento. A profilaxia é feita através do esquema de vacinas e cuidados com a lesão. Além disso, orientar o processo educativo no programa de eliminação da raiva urbana e no de controle da raiva canina, tendo como ferramentas básicas a participação e a comunicação social, devendo ser necessariamente envolvidos serviços e profissionais de saúde, escolas, proprietários de animais de estimação e população em geral. Portanto, são necessárias algumas condutas:
• Estimular a posse responsável de animais;
• Desmistificar a castração dos animais de estimação;
• Adotar medidas de informação/comunicação que levem a população a
reconhecer a gravidade de qualquer tipo de exposição a um animal; a
necessidade de atendimento imediato; as medidas auxiliares que devem ser
adotadas às pessoas que foram expostas e/ou agredidas; a identificar os sintomas
de um animal suspeito;
• Divulgar os serviços existentes, desmistificando simultaneamente o tratamento
profilático anti-rábico humano, estimulando a responsabilidade do paciente com
o cumprimento do esquema indicado, visando a diminuição do abandono e risco
de ocorrência de casos;
• Não valorizar a proteção ao cão errante;
• Estimular a imunização anti-rábica animal.

Como é o tratamento?
 Independente do ciclo, não existe tratamento específico para a doença. Por isso, a profilaxia pré ou pós exposição ao vírus rábico deve ser adequadamente executada. O paciente deve ser atendido na unidade hospitalar de saúde mais próxima, sendo evitada sua remoção. Quando imprescindível, tem que ser cuidadosamente planejada. Manter o enfêrmo em isolamento, em quarto com pouca luminosidade, evitar ruídos e formação de corrente de ar, proibir visitas e somente permitir a entrada de pessoal da equipe de atendimento. As equipes de enfermagem, higiene e limpeza devem estar devidamente capacitadas para lidar com o paciente e com o seu ambiente e usar equipamentos de proteção individual. Recomenda-se como tratamento de suporte: dieta por sonda nasogástrica; hidratação para manutenção do balanço hídrico e eletrolítico; na medida do possível, usar sonda vesical para reduzir a manipulação do paciente; controle da febre e o vômito; beta bloqueadores na vigência de hiperatividade simpática; uso de antiácidos, para prevenção de úlcera de “stress”; instalação de PVC e correção da volemia na vigência de choque; tratamento das arritmias cardíacas. Sedação de acordo com o quadro clínico, não devendo ser contínua.

Fonte:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/guia_vig_epi_vol_ll.pdf
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/raiva
1- Disponível em: <https://albericomarcosbioifes.wordpress.com/tag/raiva/> Acesso em 6 de agosto, 2015.


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