Figura 1 - Paciente apresentando postura conhecida como "opistótono", decorrente da contratura muscular generalizada causada pela toxina tetânica.
fonte: página do site da secretaria da educação do governo do estado do Paraná¹.
O que é tétano?
Doença
infecciosa aguda não-contagiosa, causada pela ação de exotoxinas produzidas
pelo Clostridium tetani, as quais provocam um estado de hiperexcitabilidade do
sistema nervoso central. Clinicamente, a doença manifesta-se por febre baixa ou
ausente, hipertonia muscular mantida, hiperreflexia e espasmos ou contraturas
paroxísticas. Em geral o paciente mantém-se consciente e lúcido. Espasmos são
exacerbações paroxísticas da hipertonia, determinados por vários estímulos,
tais como sons, luminosidades, injeções; podendo ainda ocorrer espontaneamente.
O
Clostridium tetani é encontrado nos intestinos de cavalos e outros animais,
inclusive do homem, sendo inócuo neste habitat. É comumente encontrado na
natureza sob a forma de esporo, nos seguintes meios: fezes, terra, reino
vegetal, águas putrefatas, instrumentos cortantes, pregos enferrujados, poeira
de ruas e até na pele.
Como o tétano é
transmitido?
A
infecção se dá através de ferimentos superficiais ou profundos, de qualquer
natureza, desde que tenham a introdução dos esporos em uma solução de
continuidade, associados às condições favoráveis para desenvolver a doença, como
tecidos desvitalizados, corpos estranhos, meio anaeróbico e outros.
O
período de incubação é o período que
o esporo requer para germinar, elaborar as toxinas e estas atingirem o Sistema
Nervoso Central (SNC), ocorrendo alterações funcionais com aumento da
excitabilidade. O período de incubação em média é de 10 dias, variando de 24
horas a 30 dias. Alguns casos chegam a meses.
É
uma doença não contagiosa, portanto, não existe transmissão direta, de um
indivíduo para outro. A suscetibilidade é universal, independendo de sexo ou
idade; a imunidade permanente é conferida pela vacina, desde que ocorra em
condições ideais inerentes ao imunobiológico e ao indivíduo, com 3 doses e
reforço a cada 5 ou 10 anos, conforme as indicações. A doença não confere imunidade.
Os filhos de mães imunes podem apresentar imunidade passiva e transitória até 4
meses. Recomenda-se um reforço em caso de nova gravidez, se esta distar mais de
5 anos. A imunidade através do soro antitetânico (SAT) dura até 14 dias, média
de 1 semana; através da imunoglobulina humana anti-tetânica (IGHAT) dura de 2 a
4 semanas, média de 14 dias. A imunidade é conferida pela vacina e dura em
torno de 10 anos.
Quais são as
manifestações clínicas do tétano?
O
tétano é uma toxiinfecção causada pela toxina do bacilo tetânico, introduzido
no organismo através de ferimentos ou lesões de pele. Clinicamente, o tétano
acidental se manifesta por:
•
Hipertonia dos músculos: masseteres (trismo e riso sardônico), pescoço (rigidez
de nuca), faringe ocasionando dificuldade de deglutição (disfagia), contratura
muscular progressiva e generalizada dos membros superiores e inferiores
(hiperextensão de membros), reto-abdominais (abdome em tábua), paravertebrais
(opistótono) e diafragma, levando à insuficiência respiratória; os espasmos são
desencadeados ao menor estímulo (luminoso, sonoro ou manipulação do paciente)
ou surgem espontaneamente.
Ø Período de infecção: dura em média de
dois a cinco dias.
Ø Remissão: não apresenta período de
remissão.
Ø Período toxêmico: ocorre sudorese
pronunciada e pode haver retenção urinária por bexiga neurogênica.
Inicialmente, as contrações tônico-clônicas ocorrem sob estímulos externos e,
com a evolução da doença, passam a ocorrer espontaneamente. É uma
característica da doença o enfermo manterse lúcido, apirético, ou quando há
presença de febre, ela é baixa. A presença de febre acima de 38°C é indicativa
de infecção
secundária, ou de maior gravidade do
tétano.
Como
prevenir o tétano?
Ø Vacinação
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS) a vacina antitetânica, quando garantida a
sua produção, conservação, aplicação, doses completas da vacina, conforme
recomendação do esquema vacinal e resposta imunológica. Quando todos estes
fatores ocorrem, a sua eficácia está em torno de 99%. Os efeitos adversos são
raros, mas podem apresentar-se sob a forma de dor local, hiperemia, edema e
induração, febrícula com sensação de mal estar de intensidade variável e
passageira.
•
Recomendações para vacinação: recomenda-se o esquema vacinal contra tétano a
todas as pessoas, independente da idade e sexo. Como o bacilo encontra-se no
meio ambiente, a exposição acidental ao mesmo através de um ferimento
contaminado é universal. A manutenção de altas taxas de cobertura vacinal
torna-se prioritária, tendo em vista a gravidade do quadro clínico, e com
elevada taxa de letalidade, podendo deixar seqüelas.
Ø Educação
em saúde
A
Educação em Saúde é uma prática social que tem como objetivo promover a
formação e/ou mudança de hábito e atitudes. Estimula a luta por melhoria da
qualidade de vida, da conquista à saúde, da responsabilidade comunitária, da
aquisição, apreensão, socialização de conhecimentos e a opção por um estilo de
vida saudável. Preconiza a utilização de métodos pedagógicos participativos
(criatividade, problematização e criticidade) e diálogo, respeitando as
especificidades locais, universo cultural da comunidade e suas formas de
organização.
Sensibilizar
os empresários, gestores, patrões, chefes, professores, etc. sobre a
necessidade da prevenção, e pactuar com seus funcionários a manter o esquema
vacinal em dia. Um grupo importante para a conscientização quanto à necessidade
de vacinaçào são as gestantes, pela sua importância na prevenção do tétano
neonatal. Lembrar que vacinação e conservação do cartão não é só para crianças.
Ø Comunicação
É
de fundamental importância a parceria, ou relação integrada com os diversos
meios de comunicação, principalmente quanto à adequação da linguagem de fácil
compreensão da população. A forma de divulgar a doença, suas diversas formas de
prevenção, e a necessidade de buscar o tratamento, o mais rápido possível, e
nos serviços que assistem este tipo de doente. O momento oportuno de divulgar a
ocorrência de um caso, para sensibilizar a comunidade, quanto à necessidade da
prevenção da doença, pode ser utilizado para implementação das ações com adoção
de medidas de controle.
Como é o tratamento?
O
doente deve ser internado em unidade apropriada com mínimo de ruído,
luminosidade, temperatura estável e agradável. Casos graves têm indicação de
terapia intensiva, onde haja suporte necessário para manejo de complicações e
conseqüente redução das seqüelas e letalidade. É de fundamental importância os
cuidados pelas equipes médica e de enfermagem, experientes no atendimento a
esse tipo de enfermidade.
Os
princípios básicos do tratamento são:
•
Sedação do paciente: através do uso de benzodiazepínicos e miorrelaxantes.
•
Neutralização da toxina tetânica: utiliza-se o soro anti-tetânico (SAT), cuja indicação
terapêutica é de 20.000 UI para crianças e adultos, via intramuscular (IM),
distribuída em 2 massas musculares ou E.V., este último diluído para 100ml de
soro fisiológico, transfundir em 1 hora. Realizar antes teste de sensibilidade.
A Imunoglobulina Humana Antitetânica Tetânica (IGHAT ou TIG) é disponível no
Brasil apenas para uso Intramuscular (IM), em duas ou mais massas musculares,
nas seguintes dosagens, para uso terapêutico: a critério médico, é utilizada na
dose de 3.000 a 6.000 UI. A administração da TIG, pela via intratecal, ainda é
controversa na literatura e, no Brasil, seu uso está limitado a protocolos de
pesquisas.
•
Debridamento do foco: limpar o ferimento suspeito com soro fisiológico ou água
e sabão, realizar o debridamento retirando tecido desvitalizado e corpos
estranhos. Após a remoção de todas as condições suspeitas, fazer limpeza com
água oxigenada ou solução de permanganato de potássio a 1:5000. Ferimentos
puntiformes e profundos devem ser abertos em cruz e lavados generosamente com
soluções oxidantes. Não é eficaz o uso de Penicilina benzatina na profilaxia do
tétano acidental, nas infecções cutâneas. Caso haja indicação para o uso de
antibióticos, em lesões suspeitas infectadas, optar por:
Ø Tetraciclina: 20 a 40mg/dia (máximo de
02g), via oral de 6/6 hs, durante 5 dias, a partir dos 8 anos de idade.
Ø Eritromicina: 20 a 40mg/kg/dia, via
oral, de 6/6 hs, durante 5 dias, para crianças menores de 8 anos de idade.
Ø Hidratação intravenosa adequada.
Ø Antibioticoterapia.
Ø Tratamento sintomático.
Fonte:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/guia_vig_epi_vol_ll.pdf
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/tetanoacidental
1- Disponível em:
<http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=2163&evento=3#menu-galeria>, Acesso em 6 de agosto, 2015.
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