A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o
processo de armazenamento,
conservação, manipulação, distribuição e transporte dos
imunobiológicos do
Programa Nacional de Imunizações, e deve ter as condições
adequadas de refrigeração, desde o laboratório produtor até o
momento em que a vacina é administrada. O objetivo final da Rede
de Frio é assegurar
que todos os imunobiológicos administrados mantenham suas
características iniciais, a fim de conferir imunidade,
haja vista que são produtos termolábeis, isto é, se deterioram
depois de determinado tempo quando expostos a variações de
temperaturas inadequadas à sua conservação. O calor acelera a
inativação dos componentes imunogênicos. É necessário,
portanto, mantê-los constantemente refrigerados, utilizando
instalações e equipamentos adequados em todas as instâncias:
nacional, estadual, regional ou distrital e municipal/local. Um
manuseio inadequado, um equipamento com defeito, ou falta de energia
elétrica podem interromper o processo de refrigeração,
comprometendo a potência e eficácia dos imunobiológicos.
1. EQUIPAMENTOS DA REDE DE FRIO
1.1 Câmara frigorífica
Figura 1 - Câmara Frigorífica.
fonte: Manual de rede de frio¹.
Também denominadas quartos frios ou
câmaras frias, são ambientes especialmente projetados para a
armazenagem de produtos predominantemente em baixas temperaturas e em
grandes volumes. Especificamente para os imunobiológicos, essas
câmaras são projetadas para operarem em temperatura de +2ºC e
-20°C, de acordo com a especificação do produtor.
1.2 Freezers ou congeladores
Figura 1 - Freezers ou congeladores.
fonte: Manual de rede de frio².
São equipamentos destinados,
preferencialmente, para estocagem de vacinas a -20ºC. Estes
equipamentos devem ser do tipo horizontal. Os freezers
também são usados para
congelar as bobinas de gelo reciclável, tendo o cuidado de não usar
o mesmo
equipamento
em que estão armazenados os imunobiológicos, para não comprometer
a conservação destes. Sua instalação deve ser em local bem
arejado, sem incidência da luz solar direta e longe de equipamentos
que desprendam calor, uma vez que o condensador necessita dissipar
calor para o ambiente.
Organização
interna
Como os freezers
são dotados somente de um
compartimento, deve-se ter o cuidado de armazenar os imunobiológicos,
de forma a permitir a circulação de ar entre os produtos ou as
caixas. Os imunobiológicos devem ser armazenados da seguinte forma:
•
nome do imunobiológico, separar por:
-
laboratório produtor;
-
nº de lote;
-
prazo de validade;
-
enfrascagem (uma dose, 10 doses, 20 doses, etc.).
Deve-se
observar também a validade dos lotes. Aqueles com menor prazo de
validade deverão ter prioridade na distribuição, para possibilitar
menor perda dos imunobiológicos por vencimento do prazo.
Cuidados
básicos
•
fazer a leitura da temperatura diariamente
no início da jornada de trabalho da manhã, da tarde e no final do
dia, registrando-as no formulário próprio;
•
não deixar a porta aberta sem necessidade,
somente para acondicionamento e retirada
de
imunobiológicos e gelo reciclável;
•
certificar-se de que a porta está vedando
adequadamente, usando-se uma tira de papel com 3cm de largura,
aproximadamente. Coloca-se a tira de papel entre a borracha da porta
e a geladeira. Se ao puxar o papel a borracha apresentar resistência,
a vedação está adequada, porém, se o papel sair com facilidade,
deverá ser trocada a borracha. Este teste deverá ser feito em
vários pontos da porta, especialmente nos quatro ângulos;
•
fazer o degelo a cada 30 dias ou sempre que
for necessário; não deixar acumular gelo nas paredes, em espessura
maior que 0,5cm, porque isto compromete a conservação das vacinas,
vez que o gelo é um material isolante e não deixa passar o frio;
•
usar tomada exclusiva para cada
equipamento;
1.3 Refrigeradores ou geladeiras
São equipamentos de uso doméstico que na
Rede de Frio são destinados à estocagem de imunobiológicos em
temperaturas positivas a +2ºC, devendo para isto estar regulados
para funcionar nesta faixa de temperatura. A vacina pode, em algum
momento, estar em uma temperatura entre +2o e +8oC sem sofrer perda
de potência (em armazenamento).
1.3.1 Geladeira
doméstica
Figura 3 - Geladeira doméstica.
fonte: Manual de rede de frio³.
As
geladeiras, com capacidade a partir de 280 litros, utilizadas pelo
Programa Nacional de Imunizações, devem ser organizadas de acordo
com as seguintes recomendações:
•
no evaporador (congelador) colocar gelo
reciclável (gelox ou bobinas com água) na posição vertical. Esta
norma contribui para a elevação lenta da temperatura, oferecendo
proteção aos imunobiológicos na falta de
energia
elétrica ou defeito do equipamento;
•
na primeira prateleira devem ser colocadas
as vacinas que podem ser submetidas à temperatura negativa (contra
poliomielite, sarampo, febre amarela, rubéola, tríplice viral)
dispostas em bandejas perfuradas para permitir a circulação de ar;
•
na segunda prateleira devem ser colocadas
as vacinas que não podem ser submetidas à temperatura negativa (dT,
DTP, Hepatite B, Hib, influenza, TT e BCG), também em bandejas
perfuradas ou nas próprias embalagens do laboratório produtor;
•
na segunda prateleira, no centro, colocar
termômetro de máxima e mínima na posição vertical, em pé;
•
na terceira prateleira pode-se colocar os
diluentes, soros ou caixas com as vacinas conservadas entre +2 e
+8ºC, tendo o cuidado de permitir a circulação do ar entre as
mesmas, e entre as paredes da geladeira;
•
retirar todas as gavetas plásticas e
suportes que existam na parte interna da porta, e no lugar da gaveta
grande preencher toda parte inferior exclusivamente com 12 garrafas
de água com corante, que contribuem para a lenta elevação da
temperatura interna da geladeira. Essa providência é de vital
importância para manter a temperatura da geladeira entre +2°C e
+8°C quando ocorrer falta de energia ou defeito no equipamento. A
porta do evaporador (congelador) e a bandeja coletora sob este
deverão ser mantidas. Não devem ser usadas bobinas de gelo
reciclável como substitutas das garrafas.
•
A geladeira que não possuir o quantitativo
de 12 garrafas de água deverá ser abastecida com o número
necessário, colocando-se duas unidades por dia até atingir o número
recomendado (12), evitando-se, dessa forma, modificação abrupta de
temperatura no interior da geladeira, levando as vacinas a choque
térmico.
Essas garrafas devem ser tampadas para que
a água não evapore, pois a evaporação acelera a formação de
gelo no evaporador.
Cuidados básicos
Figura 4 - Geladeira inadequada para a conservação de vacinas.
fonte: manual de rede de frio.
• Fazer a leitura da temperatura,
diariamente, no início da jornada de trabalho e no final do dia e
anotar no formulário de controle diário de temperatura;
• manter afixado na porta aviso para que
esta não seja aberta fora do horário de retirada e/ou guarda das
vacinas;
• usar tomada exclusiva para cada
geladeira, se houver mais de uma;
• instalá-la em local arejado, distante
de fonte de calor, sem incidência de luz solar direta, em ambiente
climatizado, bem nivelada e afastada 20cm da parede;
• colocar na base da geladeira suporte
com rodas;
• não permitir armazenar outros
materiais (laboratório odontológico, alimentos, bebidas, etc.
(figura 4A);
• não armazenar absolutamente nada na
porta;
• certificar-se de que a porta está
vedando adequadamente;
• fazer o degelo a cada 15 dias ou quando
a camada de gelo for superior a 0,5cm;
• não colocar qualquer elemento na
geladeira que dificulte a circulação de ar
1.3.2 Geladeira Comercial
Figura 5 - Geladeira comercial
fonte: Manual de rede de frio.
As geladeiras comerciais comuns utilizadas
na Rede de Frio dos estados, geralmente em instância regional ou
municipal de grande porte, são as que estão entre 600 a 1.200
litros de capacidade, equipadas com um pequeno evaporador e quatro ou
seis portas. O seu funcionamento em relação à geladeira doméstica
diferencia na circulação do ar interno, tendo em vista que na
geladeira comercial o ar é movimentado por um ventilador. A
espessura do isolamento das paredes dessas geladeiras deve ser de no
mínimo 5cm.
Atenção: As
geladeiras comerciais não devem ser usadas em sala de vacina.
1.3.3 Limpeza da geladeira
Para que sejam mantidas as condições
ideais de conservação dos imunobiológicos, deve-se fazer a limpeza
da geladeira periodicamente, a cada 15 dias, ou quando a camada de
gelo atingir 0,5 centímetro.
1.3.4 Situações de emergência
A geladeira pode deixar de funcionar por
dois motivos. Em ambos os casos deverão ser tomadas providências
para evitar a perda dos imunobiológicos acondicionados no mesmo:
• Defeito
técnico: os
imunobiológicos deverão ser acondicionados em caixas térmicas
mantendo a temperatura recomendada de +2ºC a +8ºC, onde poderão
permanecer até 24 horas.
• Corte de
energia elétrica: nessa
situação recomenda-se: - Se
a geladeira está em perfeito estado de funcionamento,
apresentando variação de temperatura de +2°C a +4°C, deve-se
mantê-la fechada por um período máximo de oito horas.
- O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reciclável
congeladas para serem usadas no acondicionamento
dos imunobiológicos em caixas térmicas quando a interrupção do
fornecimento de energia elétrica durar mais que oito horas.
- Caso a
geladeira em uso não apresente um perfeito estado de funcionamento e
sua temperatura variar entre +6°C e +8°C com freqüência, a
permanência dos imunobiológicos nesse equipamento não deverá ser
por mais que duas horas e meia,
a partir do início da falta de fornecimento de energia elétrica. -
Em situações em que o equipamento de refrigeração apresentar as
condições acima mencionadas e não
se tiver estimativa do tempo em que a energia elétrica permanecerá
interrompida, o acondicionamento dos imunobiológicos em caixas
térmicas, utilizando-se a
devida técnica, deverá ser providenciado em uma hora. Caso
o defeito identificado não seja solucionado e
a corrente elétrica não se restabeleça até o encerramento dos
trabalhos da unidade de saúde, transferir
as caixas térmicas com os imunobiológicos para o serviço de saúde
mais próximo ou para a instância regional.
1.4 Caixa térmica
Figura 6 - Caixas térmicas.
fonte: Manual de rede de frio.
A
caixa térmica deve ser organizada para manter a temperatura de
conservação dos imunobiológicos a -20°C ou entre +2°C e +8°C
por um determinado período de tempo, de acordo com o imunobiológico
a ser armazenado ou transportado.
Cuidados
básicos
•
verificar as
condições da caixa,
observando se existem rachaduras, furos; se o dreno (quando existir)
está vedado e verificar
as condições da tampa;
•
lavar e secar
cuidadosamente as caixas após
cada uso. Manter as caixas térmicas sem a tampa, até que estejam
completamente secas. Após a secagem, tampá-las
e armazená-las em local adequado;
Organização
da caixa térmica para vacinação de rotina na sala de vacinação
Figura 7 - Organização da caixa térmica.
fonte: Manual de rede de frio.
No
serviço de saúde, a conservação dos imunobiológicos a serem
utilizados na vacinação durante a jornada de trabalho deve ser
feita em caixa térmica do tipo retangular, com capacidade de sete
litros e com tampa ajustada. Ao organizar a caixa térmica para
início das atividades diárias, deve-se ter os seguintes cuidados:
•
manter a temperatura interna da caixa entre
+2ºC e +8ºC, monitorando-a com termômetro de cabo extensor, de
preferência, ou com termômetro linear, trocando as bobinas de gelo
reciclável sempre que se fizer necessário;
•
usar bobina de gelo reciclável, a qual
deverá estar no congelador da geladeira da sala de vacina e que
precisará ser ambientada para uso, vez que a temperatura atingida
por esta no congelador chega a aproximadamente -7°C;
•
arrumar os imunobiológicos na caixa,
deixando-os circundados (ilhados) pelo gelo reciclável (três a
cinco bobinas de gelo reciclável com capacidade de 500ml para a
caixa térmica acima mencionada);
•
manter a caixa térmica fora do alcance da
luz solar direta e distante de fontes de calor (estufa, aquecedor,
etc.);
Fonte:
Ministério da Saúde. Manual de Rede de Frio. Brasília, junho/2001. Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf>
1- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.
2- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.
3- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.
4- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.
5- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.
6- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.
7- Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3740546/4116233/manual_redefrio.pdf> Acesso em agosto de 2015.